O trabalho híbrido já é uma realidade consolidada no mercado brasileiro, mas ainda enfrenta um desafio importante: a confiança da liderança. Enquanto 87% dos profissionais afirmam se sentir mais produtivos nesse formato, 85% dos líderes ainda têm dúvidas sobre essa produtividade, segundo o relatório Work Trend Index Pulse, da Microsoft. Esse abismo de percepções reforça a importância de ferramentas e estratégias que promovam integração, engajamento e resultados mensuráveis — uma missão cada vez mais estratégica para o setor de Recursos Humanos.
A boa notícia é que, quando bem estruturado, o modelo híbrido pode entregar até 22% a mais de satisfação e 18% a mais de interação entre os colaboradores, de acordo com um levantamento da Deloitte. O segredo, segundo especialistas, está no uso inteligente de tecnologias que conectem as equipes e garantam fluidez nas rotinas, mesmo com parte do time atuando remotamente.
“O verdadeiro potencial das equipes híbridas é revelado quando as habilidades de cada membro se somam de forma coordenada. A tecnologia atua como facilitadora para isso acontecer, seja presencial ou remotamente”, afirma Aline Swensson, CSO da Unentel, empresa especializada em soluções B2B em tecnologia.
Um estudo recente da Forrester identificou que 86% dos profissionais apontam a ausência de comunicação e colaboração como um dos principais fatores de falhas no trabalho. Em cenários híbridos, esse gargalo pode ser enfrentado com a adoção de plataformas integradas de gestão, ferramentas colaborativas em tempo real, e, mais recentemente, com a adoção de Inteligência Artificial (IA) para análise de dados, automação de tarefas e otimização de processos.
Nesse sentido, o RH passa a ocupar um papel ainda mais relevante, sendo responsável por integrar cultura, pessoas e tecnologia — e ao mesmo tempo garantir uma governança ética no uso da IA no ambiente corporativo.
“No cenário do trabalho híbrido, o uso da Inteligência Artificial agiliza processos, permitindo que as equipes se tornem mais produtivas, responsivas e adaptativas. O RH precisa entender como essas ferramentas se integram ao negócio e à cultura da empresa”, destaca Swensson.
Segundo estudo da PwC, 70% dos CEOs ao redor do mundo acreditam que a IA generativa vai transformar a forma como empresas criam, entregam e capturam valor até 2027. Para o setor de RH, essa previsão sinaliza a necessidade urgente de requalificação de talentos, adoção de ferramentas analíticas e revisão de processos operacionais que envolvem desde a atração até o desenvolvimento de colaboradores.
Essa transformação exige mais do que investimento em tecnologia — pede estratégia. É preciso capacitar as lideranças para lidar com dados, aplicar boas práticas de privacidade, e garantir que as decisões automatizadas por algoritmos estejam livres de vieses que possam afetar negativamente os talentos da empresa.
A adoção da IA no ambiente corporativo também traz responsabilidades importantes, especialmente no que diz respeito à ética, privacidade e governança de dados. Para a executiva da Unentel, esse é um campo onde o RH deve atuar com protagonismo.
É fundamental que as empresas implementem políticas de uso responsável da IA, que envolvam desde o treinamento com dados equilibrados até auditorias recorrentes dos algoritmos utilizados. A conformidade com normas como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também é essencial para mitigar riscos, proteger os dados dos colaboradores e manter a reputação da empresa.
“A implementação bem-sucedida de qualquer tecnologia depende de uma compreensão clara sobre como ela gera valor para o negócio. Seja no modelo híbrido, remoto ou presencial, as ferramentas precisam estar integradas à operação, aos serviços e ao modelo de negócios da empresa”, conclui Swensson.
Mais do que adaptar políticas de trabalho, o RH precisa liderar a transformação digital do ambiente organizacional. Isso envolve conectar pessoas e tecnologias, criar experiências positivas para colaboradores em todos os formatos de atuação, garantir uma cultura de confiança e usar dados para tomar decisões mais humanas e eficientes.
No centro dessa jornada, a Inteligência Artificial deixa de ser apenas uma ferramenta de automação e passa a ser aliada na construção de um novo modelo de colaboração, mais flexível, integrado e inteligente.